Impedido de atracar no Brasil e no exterior por causa de risco ambiental, o casco do ex-porta-aviões São Paulo passou quatro meses vagando próximo à costa de Pernambuco até ser levado pela Marinha para longe do litoral brasileiro, após a empresa turca que comprou o navio ameaçar abandoná-lo no oceano e renunciar a propriedade da embarcação.
No entanto, algumas questões sobre esse caso ainda não foram explicadas, como o local para onde o casco do navio está sendo levado, quem está custeando esse deslocamento e o que vai acontecer com a embarcação.
Para relembrar os principais acontecimentos desse caso, que se tornou polêmico e misterioso, o g1 preparou uma linha do tempo para mostrar o que ocorreu entre a compra do antigo porta-aviões pela Marinha e a determinação dela para que o navio se afastasse da costa brasileira:
2000-2017: Marinha compra navio, faz reformas e desativa embarcação
Março de 2021: empresa turca vence leilão da Marinha
Agosto de 2022: barrado na Europa
Outubro de 2022: Pernambuco rejeita entrada
Novembro de 2022: Justiça Federal proíbe atracação
Janeiro de 2023: empresa ameaça abandonar casco
Janeiro de 2023: Marinha toma controle e navio se afasta do país
O porta-aviões foi construído na França, na década de 1950, e tem 266 metros. Em 2000, foi adquirido pela Marinha brasileira por US$ 12 milhões. O navio começou a apresentar problemas em maio de 2004.
Único porta-aviões da frota brasileira, o São Paulo ainda passou por várias reformas até que, em 2017, a Marinha decidiu que o custo de recuperar a embarcação era muito alto e comunicou à União que ela seria desativada.
O porta-aviões foi vendido em um leilão para a empresa turca Sök Denizcilik Tic Sti (Sök). A companhia contratou a MSK Maritime Services & Trading para fazer o transporte do navio entre o Brasil a Europa, onde ele passaria por um "desmanche" (veja vídeo acima).
Segundo a Marinha, o agora ex-porta-aviões deixou o Rio de Janeiro em 4 de agosto de 2022. Quando se aproximava do Estreito de Gibraltar, entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo, a Turquia cancelou a autorização para que a embarcação atracasse no país por risco ambiental, pois o casco tem amianto, uma substância considerada tóxica.
A empresa, então, retornou com a embarcação para o Brasil. A MSK afirmou que a Marinha determinou que ele fosse trazido para o Porto de Suape, em Pernambuco, por ser o "porto mais perto do ponto de saída, na Europa".