Diversos municípios do Grande Recife têm relatado insuficiência na quantidade de imunizantes contra a Covid-19, apesar de o governo do estado ter informado que as 129.200 doses recebidas por Pernambuco na segunda semana de maio seriam suficientes para aplicar a segunda dose da CoronaVac/Butantan nos grupos prioritários que iniciaram a imunização com essa vacina.
Somados os quantitativos de falta de doses desse imunizante em cidades como Paulista, Ipojuca, Igarassu, Araçoiaba e Jaboatão dos Guararapes, o déficit na Região Metropolitana do Recife é de mais de 20 mil doses.
O último lote de vacinas CoronaVac/Butantan recebido pelo estado chegou na sexta-feira (14), contendo 42,6 mil doses. Um dia antes, na quinta-feira (13), outras 86.600 doses do mesmo imunizante chegaram à capital pernambucana.
Na ocasião, o governo estadual disse que parte do quantitativo recebido seria armazenado na sede do Programa Estadual de Imunização (PNI), na Zona Norte da cidade, para ser repassado posteriormente para os municípios, em caso de necessidade.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), 53.950 doses foram destinadas à segunda dose de idosos com 65 a 69 anos, e outras 16.260 doses foram direcionadas para finalizar a imunização de profissionais da saúde.
A superintendente de Imunização do estado, Ana Catarina Melo, explicou que deve ocorrer uma reunião nesta terça-feira (18) com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde para compreender o que ocorreu para gerar o déficit, entre outros pontos, para que mais unidades de CoronaVac possam ser enviadas (veja mais abaixo).
O intervalo indicado entre a aplicação da primeira e da segunda dose do imunizante é de 28 dias. A entrega da sexta-feira (14) foi a última realizada pelo Instituto Butantan que suspendeu completamente a produção da vacina por falta de matéria-prima.
Na data, foram entregues 1,1 milhão de doses ao Ministério da Saúde. O Butantan deve receber, em 26 de maio, novos insumos para a produção de vacinas.
O G1 e a TV Globo entraram em contato com as prefeituras das 14 cidades que fazem parte da Região Metropolitana do Recife para solicitar a informação de quantas doses faltam em cada uma delas para finalizar a vacinação de quem iniciou a imunização com CoronaVac. Confira o déficit por município:
Os municípios de Moreno, Camaragibe, Cabo de Santo Agostinho, Ilha de Itamaracá e São Lourenço da Mata informaram que não registraram falta de doses para concluir a imunização dos residentes. As prefeituras de Abreu e Lima e do Recife não responderam até a última atualização desta reportagem.
Para a superintendente de Imunização do estado, houve um erro por ao menos parte dos municípios na gestão das doses e repasse de informações. Segundo Ana Catarina Melo, prefeituras utilizaram unidades que eram destinadas à segunda aplicação como primeira, gerando descontrole.
"A distribuição [aos municípios] segue a pauta do Ministério da Saúde. Se nessa pauta, que nós estamos recebendo, tem a orientação de se utilizar as duas doses, se ele recebe 30 mil, ele tem que usar 15 mil como dose um e armazenar 15 mil como dose dois", detalhou.
Em março, o Ministério da Saúde liberou a utilização de unidades armazenadas para a segunda aplicação para primeira. Com isso, apontou a superintendente, alguns municípios perderam o controle do estoque. Outros, segundo ela, alegaram que vacinaram mais pessoas do que a estimativa populacional e, por isso, precisavam de mais doses.
"Nós temos em torno de 130 municípios que estão solicitando mais doses, em torno de 116 mil. E nós temos em estoque 58 mil doses para distribuir. Hoje à tarde, a gente vai estar junto com o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde, para entender essas solicitações e, com isso, começar essa distribuição amanhã [quarta]", declarou.
Ainda de acordo com a superintendente, cerca de 50 municípios relataram que não precisam de doses a mais de CoronaVac no estado.
Desde 18 de janeiro de 2021 até a segunda-feira (17), Pernambuco aplicou 2.379.507 doses da vacina contra a Covid-19, das quais 1.575.399 foram primeiras doses e 804.108 foram segundas doses.
Ao todo, receberam a primeira dose: 259.299 trabalhadores de saúde; 25.497 indígenas que vivem em aldeias; 38.416 em comunidades quilombolas; 7.115 idosos em instituições de longa permanência; 567.306 idosos de 60 a 69 anos; 391.756 idosos de 70 a 79 anos; 102.988 idosos de 80 a 84 anos; 89.453 idosos a partir de 85 anos.
Também foram contemplados 1.305 pessoas com deficiência institucionalizadas; 7.031 trabalhadores das forças de segurança e salvamento; 73.183 pessoas com comorbidades; 2.144 pessoas com deficiência permanente; 9.906 gestantes e puérperas.
Em relação à segunda dose, já foram beneficiados 207.356 trabalhadores de saúde; 24.964 indígenas que vivem em aldeias; 72 em comunidades quilombolas; 5.160 idosos institucionalizados; 183.669 idosos de 60 a 69 anos; 280.541 idosos de 70 a 79 anos.
Foram imunizados, ainda, 46.844 idosos de 80 a 84 anos; 54.265 idosos a partir de 85 anos, 1.122 pessoas com deficiência institucionalizadas; 115 trabalhadores das forças de segurança e salvamento.